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Ônibus executivos em Belo Horizonte têm baixa procura
Por: 09 de Setembro de 2013 em: Notícias

Lançadas há um ano, linhas oferecem conforto, mas rodam com demanda abaixo da capacidade

 

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Diferencial. Apesar dos atrativos, como o conforto, a TV de plasma e a internet, muitos bancos permanecem vazios nos ônibus executivos
PUBLICADO EM 11/09/13 - 03h00
 
 

Em pleno horário de pico, ônibus do transporte público circulam com bancos de sobra nas vias centrais de Belo Horizonte. O que parece sonho para quem enfrenta diariamente a lotação dos coletivos, é vida real nos ônibus executivos das linhas SE01 (Cidade Administrativa/Savassi) e SE02 (Buritis/Savassi), adotadas há um ano pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Além de espaço, os veículos têm ar-condicionado, TV de plasma e assentos estofados. Mesmo com todos os atrativos, eles ainda rodam com demanda abaixo da capacidade, que é de 43 pessoas sentadas e seis em pé. A reportagem de O TEMPO percorreu as duas linhas nesta semana e, durante os trajetos, havia sempre entre cinco e dez bancos vagos, e nenhum passageiro em pé, entre as 17h e as 20h.

De acordo com a BHTrans, 38 mil usuários utilizam os executivos por mês, o que corresponde a 1.900 por dia (considerando apenas os dias úteis, quando esse modelo de coletivo circula). Com uma frota de 13 ônibus, a média diária é de 146 passageiros por veículo. Já nos 3.046 ônibus convencionais, a estimativa da BHTrans é de 1,5 milhão de passageiros por dia – uma média de 492 por cada veículo.

“Essa frota (de executivos) tem condições de absorver demanda maior. É difícil falar em percentual, mas, com certeza, há potencial para um grande crescimento”, afirmou o superintendente de Regulação do Transporte da BHTrans, Sérgio Luís Ribeiro de Carvalho. Por outro lado, o aumento precisaria respeitar o limite de ocupação, já que o perfil do ônibus é circular com os passageiros sentados.

Preço. Entre as justificativas dos usuários para a baixa adesão aos executivos, o preço da passagem aparece em primeiro lugar. A tarifa varia de R$ 3,75 a R$ 5, enquanto nos ônibus convencionais o preço é R$ 2,65. “É caro demais, não dá para pegar todo dia”, disse o técnico de informática Geovanni Metzker, 32. Ele mora no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, e trabalha na Cidade Administrativa, na região Norte. Para se deslocar todos os dias e economizar, ele reveza entre o executivo e o convencional, já que não recebe no salário subsídio para o transporte.

Já a funcionária pública Clarissa Gonzaga, 22, é uma das usuárias que preferiu largar o carro na garagem e usar o ônibus executivo, conforme a meta da BHTrans ao lançar o novo serviço. Ela conta que gastava, em média, R$ 500 de gasolina e manutenção do carro, enquanto agora gasta cerca de R$ 200 de executivo. “Antes, eu vinha dirigindo e ficava mal-humorada no congestionamento. Agora, pelo menos posso ir dormindo no ônibus”, relatou Clarissa.

O servidor público Eder Aloísio Campos, 50, mesmo sendo adepto do ônibus executivo, disse que prefere pegar metrô e dois ônibus quando sai do trabalho, na Cidade Administrativa, em horário de pico. “Já passei duas horas dentro do executivo para chegar à praça da Liberdade (na região Centro-Sul). De metrô, consigo ir mais rápido, mesmo pegando outros dois ônibus para complementar”, afirmou.

Internet. Entre os serviços oferecidos pelo executivo, a TV funciona, mas se mostrou pouco atrativa. A internet sem fio é muito lenta. “O Wi-Fi só funcionou bem no começo”, comentou o advogado Leopoldo Portela Júnior, 56. A BHTrans informou que vai fiscalizar o problema no serviço.


Ampliação é estudada pela BHTrans
A limitação de linhas e trajetos também foi citada pelos usuários como um dos fatores para a baixa procura dos ônibus executivos. “Quem mora no Barreiro, por exemplo, não tem acesso a um serviço de mais qualidade”, disse a usuária Viviane Pereira, 26.

A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que estuda a ampliação, mas não citou quando nem em quais bairros. Para o engenheiro Márcio Aguiar, falta divulgação. “A BHTrans deve monitorar e ver o que pode ser melhorado para atrair mais usuários”.

Fonte: Jornal o Tempo