Notícias
Lançadas há um ano, linhas oferecem conforto, mas rodam com demanda abaixo da capacidade
Em pleno horário de pico, ônibus do transporte público circulam com bancos de sobra nas vias centrais de Belo Horizonte. O que parece sonho para quem enfrenta diariamente a lotação dos coletivos, é vida real nos ônibus executivos das linhas SE01 (Cidade Administrativa/Savassi) e SE02 (Buritis/Savassi), adotadas há um ano pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Além de espaço, os veículos têm ar-condicionado, TV de plasma e assentos estofados. Mesmo com todos os atrativos, eles ainda rodam com demanda abaixo da capacidade, que é de 43 pessoas sentadas e seis em pé. A reportagem de O TEMPO percorreu as duas linhas nesta semana e, durante os trajetos, havia sempre entre cinco e dez bancos vagos, e nenhum passageiro em pé, entre as 17h e as 20h.
De acordo com a BHTrans, 38 mil usuários utilizam os executivos por mês, o que corresponde a 1.900 por dia (considerando apenas os dias úteis, quando esse modelo de coletivo circula). Com uma frota de 13 ônibus, a média diária é de 146 passageiros por veículo. Já nos 3.046 ônibus convencionais, a estimativa da BHTrans é de 1,5 milhão de passageiros por dia – uma média de 492 por cada veículo.
“Essa frota (de executivos) tem condições de absorver demanda maior. É difícil falar em percentual, mas, com certeza, há potencial para um grande crescimento”, afirmou o superintendente de Regulação do Transporte da BHTrans, Sérgio Luís Ribeiro de Carvalho. Por outro lado, o aumento precisaria respeitar o limite de ocupação, já que o perfil do ônibus é circular com os passageiros sentados.
Preço. Entre as justificativas dos usuários para a baixa adesão aos executivos, o preço da passagem aparece em primeiro lugar. A tarifa varia de R$ 3,75 a R$ 5, enquanto nos ônibus convencionais o preço é R$ 2,65. “É caro demais, não dá para pegar todo dia”, disse o técnico de informática Geovanni Metzker, 32. Ele mora no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, e trabalha na Cidade Administrativa, na região Norte. Para se deslocar todos os dias e economizar, ele reveza entre o executivo e o convencional, já que não recebe no salário subsídio para o transporte.
Já a funcionária pública Clarissa Gonzaga, 22, é uma das usuárias que preferiu largar o carro na garagem e usar o ônibus executivo, conforme a meta da BHTrans ao lançar o novo serviço. Ela conta que gastava, em média, R$ 500 de gasolina e manutenção do carro, enquanto agora gasta cerca de R$ 200 de executivo. “Antes, eu vinha dirigindo e ficava mal-humorada no congestionamento. Agora, pelo menos posso ir dormindo no ônibus”, relatou Clarissa.
O servidor público Eder Aloísio Campos, 50, mesmo sendo adepto do ônibus executivo, disse que prefere pegar metrô e dois ônibus quando sai do trabalho, na Cidade Administrativa, em horário de pico. “Já passei duas horas dentro do executivo para chegar à praça da Liberdade (na região Centro-Sul). De metrô, consigo ir mais rápido, mesmo pegando outros dois ônibus para complementar”, afirmou.
Internet. Entre os serviços oferecidos pelo executivo, a TV funciona, mas se mostrou pouco atrativa. A internet sem fio é muito lenta. “O Wi-Fi só funcionou bem no começo”, comentou o advogado Leopoldo Portela Júnior, 56. A BHTrans informou que vai fiscalizar o problema no serviço.
Ampliação é estudada pela BHTrans
A limitação de linhas e trajetos também foi citada pelos usuários como um dos fatores para a baixa procura dos ônibus executivos. “Quem mora no Barreiro, por exemplo, não tem acesso a um serviço de mais qualidade”, disse a usuária Viviane Pereira, 26.
A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que estuda a ampliação, mas não citou quando nem em quais bairros. Para o engenheiro Márcio Aguiar, falta divulgação. “A BHTrans deve monitorar e ver o que pode ser melhorado para atrair mais usuários”.
Fonte: Jornal o Tempo